segunda-feira, 19 de setembro de 2022

 Segurança da vacina contra coronavírus-19 em pessoas vivendo com HIV/AIDS

EPC466 - 24th International AIDS Conference, Montreal, Canada 

S. De Sousa dos Santos * (1), C. Martins Ruggiero (2), D.M. Falcão de Oliveira (2), S. Saad Guarda (1), M. Martins de Andrade (1), C. Toniolo Zenatti (2), C.A. Antonio Mestre (3)


1 Universidade Federal de São Carlos, Department of Medicine, São Carlos, Brazil
2 São Carlos Municipal Health Department, São Carlos Chronic Infection Care Center, São Carlos, Brazil
3 São Carlos Municipal Health Department, Department of Health Surveillance, São Carlos, Brazil

RESUMO:
INTRODUÇÃO: As evidências atuais apontam contra haver risco aumentado de COVID-19 grave em Pessoas Vivendo com HIV/Aids (PVHA). No entanto, pouco se sabe sobre os efeitos da resposta imune, seja ao vírus ou às vacinas, em parâmetros imunológicos e virológicos. Este estudo tem como objetivo avaliar a segurança das vacinas COVID-19 em PVHA.
MÉTODOS: Coorte retrospectiva de 470 adultos HIV/AIDS que receberam a primeira dose da vacina COVID-19 no Centro de Atendimento às Infecções Crônicas de São Carlos, SP, Brasil, de 13/05/2021 a 16/07/2021. Avaliamos o sistema de relatórios do Ministério da Saúde para histórico terapêutico, contagem de CD4 e carga viral do HIV (https://laudo.aids.gov.br), e o sistema 'Vacivida' para informações sobre vacinas.
RESULTADOS: Os pacientes eram 68,1% do sexo masculino, com idade média de 41,8 anos. Todos os pacientes estavam em tratamento antirretroviral, sendo que 42,8% estavam em uso de tenofovir, lamivudina e dolutegravir. Dos 156 pacientes que tinham contagem de CD4 dentro de seis meses antes da vacinação, a mediana de CD4 era 644,5 cels/mm3 (IQR 394-932). Dos 59,1% pacientes que apresentavam carga viral até seis meses antes da vacinação, 84,9% apresentavam carga viral indetectável (< 40 cp/mL). 
A vacina ChAdOx-1 foi administrada em 469 pacientes, sendo que 448 receberam duas doses deste imunógeno. Após a primeira dose, 89,4% apresentaram carga viral indetectável para HIV; 88,9% após a segunda dose. A avaliação da variação da carga viral após a primeira dose foi possível em 67 pacientes: 73,1% mantiveram carga viral indetectável; 13,4% negativaram uma carga viral previamente detectável; 10,5% mantiveram carga viral detecável; 3% passaram a ter carga viral detectável após carga viral indetectável anterior á vacinação. 
Nos 90 pacientes em que foi possível comparar carga viral pré-vacinação e após a segunda dose; 82% mantiveram carga indetectável; 10,1% negativaram carga detectável anterior; 3% mantiveram carga viral detectável, e 4% apresentaram carga detectável após carga viral anterior não detectável.
Nos 27 pacientes com contagem de CD4 coletada antes e após a primeira dose, 55,5% tiveram menos que 25% de variação da contagem; 37% aumentaram e 7,4% diminuíram a contagem de CD4. Nos 25 pacientes avaliados após a segunda dose, 48% apresentaram pequenas flutuações de contagem (<25%); 48% apresentaram aumento e um paciente apresentou queda da contagem de CD4. Houve quatro relatos de óbito durante o seguimento, nenhum dos quais parece estar associado à vacina (câncer de rim, politraumatismo, peritonite na cirrose, sepse em paciente com mielodisplasia).
CONCLUSÕES: Aparentemente, a vacinação contra COVID-19 não teve impacto negativo nas respostas virológica e imunológicas de pessoas vivendo com HIV/Aids. No entanto, a epidemia parece ter impactado o cuidado à saúde desses pacientes.

TRABALHO COMPLETO