sábado, 9 de julho de 2016

SURTOS DE CAXUMBA: ATUALIZAÇÃO PARA PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO

A caxumba ou parotidite epidêmica é uma doença infecciosa aguda, causada pelo RNA vírus da família Paramyxoviridae, cuja principal característica é o aumento das glândulas salivares (parotidite), geralmente bilateral. A hipertrofia das parótidas pode ter outras etiologias que não levam a parotidite de forma epidêmica (1). O homem é o único hospedeiro natural conhecido do vírus, e 30 a 40% dos indivíduos infectados apresentam infecção inaparente, o que contribui para a disseminação da doença (2). A caxumba é transmitida pelo contato direto do indivíduo suscetível com a pessoa infectada por meio de gotículas de secreção da orofaringe (2). O período de incubação é de 16 a 18 dias, mas os casos podem ocorrer de 12 a 25 dias após a exposição (1,3). A recomendação de isolamento social com afastamento das atividades habituais é de 5 dias após o início do edema da parótida. No entanto, o vírus foi isolado na saliva 7 dias antes e até 8 dias após o início da inflamação (1,3). A doença pode cursar com pleocitose do líquido cefalorraquidiano, presente em mais de 50% dos acometidos, porém menos de 10% dos casos podem evoluir com sintomas de meningite viral (1). Uma complicação comumente reportada na puberdade é a orquite, que é a inflamação aguda ou crônica do testículo, e quando não tratada adequadamente pode levar a impotência ou esterilidade (4). A suscetibilidade à caxumba é geral. A doença é cosmopolita, tem comportamento endêmico nos grandes centros, com tendência a manifestar-se sob a forma de surtos epidêmicos em escolas e instituições com o agrupamento de adolescentes e adultos (2). No Estado de São Paulo, a vacina contra o sarampo, a caxumba e a rubéola (SCR) foi incluída no calendário básico aos 15 meses no ano de 1992, após campanha de vacinação indiscriminada para crianças entre um e dez anos de idade. Em 2000, a SCR era administrada aos 12 meses de idade, e no ano de 2004 foi incluída uma dose de reforço entre quatro e seis anos de idade. Em 2013, a segunda dose passou a ser aplicada aos 15 meses utilizando-se a vacina SCR-Varicela (Tetraviral) (5).

A caxumba não é de notificação compulsória em nível nacional. No entanto, os surtos da doença devem ser notificados no SinanNet módulo registro de surto (4,6). Nos últimos anos, muitos países, incluindo os Estados Unidos, o Reino Unido e a Bélgica, têm se confrontado com surtos de caxumba entre escolares e com altas coberturas vacinais. Estes surtos podem ocorrer por adaptação do vírus, coberturas heterogêneas e falhas vacinais primárias ou secundárias, que são responsáveis pela manutenção da cadeia de transmissão (7-12). Consideram-se suscetíveis, os indivíduos: a) com menos de duas doses de vacina para caxumba registradas em caderneta de vacinação, administradas a partir de 12 meses, e com intervalo mínimo de 30 dias entre elas; b) que não possuam documentação de diagnóstico laboratorial; c) que não possuam documentação laboratorial de imunidade (sorologia) (1). Consideram-se comunicantes: Todos os indivíduos que tiveram contato próximo com caso suspeito ou confirmado de caxumba no período de transmissibilidade (7 dias antes até 8 dias após o início da parotidite) (1). A PROFILAXIA PÓS- EXPOSIÇÃO ESTÁ INDICADA: 1. Comunicantes com idade entre 6 e 11 meses de idade: - Não deverão ser vacinados os comunicantes nesta faixa etária (1). 2. Comunicantes de 12 meses a 19 anos de idade: - Todos os indivíduos com idade entre 12 meses e 19 anos, devem ter duas doses de SCR (recebidas acima de um ano de idade e com intervalo mínimo de 30 dias) (5). - Crianças sem nenhuma dose de SCR deverão ser vacinadas (considerar como 1ª dose), e agendar a segunda dose com a SCR ou com a SCR – Varicela, de acordo com a idade, com intervalo de 30 dias entre as doses. Obs.: caso o indivíduo tenha recebido alguma dose da vacina SCR (tríplice viral) há menos de 30 dias, não haverá necessidade de receber a vacina durante o bloqueio.

3. Comunicantes acima de 20 anos de idade e os nascidos a partir de 1960: - As pessoas sem nenhuma dose da vacina SCR deverão receber uma dose, e agendar uma segunda dose com intervalo mínimo de 30 dias. E aquelas que já têm uma dose, deverão receber uma segunda dose com intervalo mínimo de 30 dias. É importante estabelecer um trabalho conjunto com as escolas e as universidades, no sentido de agregar parcerias, para garantir que todos os suscetíveis sejam vacinados rapidamente na ocorrência do(s) primeiro(s) caso(s) registrados, configurando-se esta a melhor estratégia de controle de surto (2). Apesar do controle rápido e efetivo do surto, alguns casos podem continuar a ocorrer entre os vacinados já infectados, ao longo das três semanas subsequentes, sendo para estes casos indicado o isolamento social (2-3).

FONTE: Equipe técnica da Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória/CVE/CCD/SES-SP e Divisão de Imunização/ CVE/CCD/SES-SP, abril de 2016, São Paulo, Brasil.

http://www.saude.sp.gov.br/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica-prof.-alexandre-vranjac/

Nenhum comentário:

Postar um comentário