Desenvolvimento do
primeiro tratamento eficaz contra o vírus Ebola
Fonte: G1, TrialSiteNews e Instituto Oncoguia
A República Democrática do Congo (RDC), no continente africano,
enfrenta há um ano um surto do vírus ebola, considerado o segundo maior da
doença de todos os tempos. O país já havia passado por uma epidemia de ebola
que resultou na morte de quase duas mil pessoas. Devido à dimensão do surto, em
julho deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência
internacional de saúde pública.
O Ebola é uma doença causada por um vírus de mesmo nome descoberto
pela primeira vez em 1976. Os seus principais sintomas são febre súbita,
fraqueza intensa, dor muscular e dor de garganta. Com o avanço da doença, os pacientes
passam a ter vômitos, diarreia e sangramento interno e externo. Os infectados
podem morrer de desidratação e falência múltipla de órgãos.
Em 2018 foi iniciado o PALM, um estudo randomizado, multicêntrico e
controlado para avaliar a segurança e a eficácia de quatro agentes no
tratamento de pacientes com infecção pelo Ebola. Os agentes incluem três terapias
baseadas em anticorpos, REGN-EB3, ZMapp e mAb114 e uma pequena molécula
antiviral. Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e o Instituto Nacional de
Pesquisa Biomética (INRP) da RDC patrocinaram e serviram como co-principais
investigadores.
O estudo PALM foi interrompido após revisar os dados de
mortalidade intermediária de 499 pacientes e obter resultados estatisticamente
significativos. Os cientistas afirmaram que o REGN-EB3 e o mAb114 mostraram-se extremamente
eficazes no combate ao vírus ebola. O medicamento pode determinar o fim do
surto de ebola na República Democrática do Congo.
"Pela primeira vez no mundo temos o tratamento para o
ebola. Podemos anunciar para o mundo que se houver um surto de ebola, é
possível tratar os pacientes com essas moléculas", explica Daniel Mukadi,
que é diretor dos laboratórios de pesquisa.
Mas o que são REGN-EB3 e mAb114 ?
O REGN-EB3 da Regeneron é uma terapia que combina três anticorpos monoclonais e o mAB114 é composto por apenas um anticorpo monoclonal. Ambos foram baseados em anticorpos colhidos de sobreviventes de infecções pelo vírus ebola.
A produção de anticorpos é uma ferramenta do sistema imunológico para atacar as substâncias
estranhas do organismo. Um anticorpo
é uma proteína que circula no sangue e se liga a outra proteína específica denominada antígeno. Uma vez
ligados, podem recrutar outras células do sistema imunológico para destruírem
as células que contêm o antígeno. Os pesquisadores podem projetar anticorpos que têm como alvo
um antígeno específico. A partir daí são feitas várias cópias desse anticorpo
em laboratório, o que são denominados anticorpos monoclonais.