sexta-feira, 26 de agosto de 2022

 

Monkeypox entre parceiros heterossexuais casuais na Nigéria


Série de casos realizada na Nigéria mostra evidência de transmissão sexual de Monkeypox entre parceiros heterossexuais casuais. A Nigéria foi o país que relatou o maior surto recente de monkeypox clado 2, que ocorreu de 2017 a 2018, o mesmo grupo genético responsável pelo surto global atual.

Referência:
1. Dimie Ogoina, Izibewule Hendris James. (2022). Monkeypox among linked heterosexual casual partners in Bayelsa, Nigeria. Qeios. doi:10.32388/2Z4ZH4.2.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

 Monkeypox

Monkeypox é uma doença zoonótica endêmica na África. Há dois principais grupos genéticos (clados), o Central, mais concentrado na República Democrática do Congo, e o Ocidental. Desde setembro de 2017, a Nigéria tem experimentado surto de monkeypox humana (clado ocidental), com um 446 casos e oito mortes. Em maio de 2022, uma família desenvolveu a doença em Manchester, Reino Unido, após voltar da Nigéria, com sequencia temporal que sugere transmissão interhumana.

Desde então foram notificados 32.760 casos confirmados laboratorialmente e 138 casos prováveis de monkeypox no mundo, incluindo 12 óbitos. Esses óbitos estão distribuídos em sete países: Nigéria (4), República Centro-Africana (2), Espanha (2), Gana (1), Brasil (1), Equador (1) e Índia (1).

O número global semanal de novos casos notificados aumentou 19,3% na semana de 31 de julho a 6 de agosto (semana epidemiológica 30), em comparação à semana anterior, de 24 a 30 de julho (n = 5.213 casos). A maioria dos casos notificados nas últimas quatro semanas foi notificada nas Regiões Europeia (49,8%) e Américas (49,0%).

Os dez países com o maior número de casos confirmados são: Estados Unidos da América (n = 9.460), Espanha (n = 5.270), Alemanha (n = 3.025), Reino Unido (n = 3.017), França (n = 2.601), Brasil (n = 2.219), Canadá (n = 1.008), Holanda (n = 959), Portugal (n = 710) e Itália (n = 599). Esses países respondem a 88,7% dos casos notificados no mundo.

No Brasil, até a semana de 31 de julho a 6 de agosto foram registradas 4.651 notificações, das quais 2.169 (46,6%) foram classificados como confirmados e 50 (1,1%) como prováveis. O maior registro de casos confirmados e prováveis está no estado de São Paulo, com 71,1% dos casos, seguido do Rio de Janeiro, com 13,0%. Ainda, 160 municípios brasileiros registraram pelo menos um caso confirmado, sendo o município de São Paulo (n = 1.260), do Rio de Janeiro (n = 214) e Belo Horizonte (n = 55) os que tiveram maiores registros.

Figura 1. Casos confirmados e prováveis de monkeypox, segundo data de início dos sintomas, até 6 de agosto de 2022, Brasil (n = 2.192) 

Fonte: COE Monkeypox, até 6/8/2022


Os casos confirmados globalmente são 98,7% do sexo masculino com mediana de idade de 36 anos. No que diz respeito ao comportamento sexual dos casos confirmados, entre aqueles que apresentaram essa informação (n = 8.466), 97,2% se declaram como homens que fazem sexo com homens. Observa-se que a principal forma de transmissão relatada foi a sexual, embora o vírus também possa ser transmitido por via respiratória e contato cutâneo próximo, não sexual.

Entre os casos confirmados e prováveis, para aqueles que tiveram esse registro, a maioria não necessitou de hospitalização (92,5%) ou de internação em unidades de terapia intensiva (UTI) (99,9%). A maioria dos indivíduos apresentam sintomas leves, e os casos mais graves ocorrem em imunossuprimidos, crianças e gestantes. 

O principal sinal e sintoma relatado é a erupção cutânea, com 71,1%, que pode ser generalizada, oral e genital. As lesões são profundas e bem circunscritas, muitas vezes com umbilicação central; e progressão da lesão através de estágios sequenciais específicos – máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas.

Figura 2: Lesões pustulares de Monkeypox


FONTE: MEDSCAPE

Os sintomas geralmente surgem após período de incubação de 6 a 13 dias. Os primeiros sintomas geralmente são febre, dor no corpo, fadiga, dor de cabeça, sensação de cansaço, dor nas costas e aumento de gânglios que ocorrem de 1 a 3 dias antes do surgimento das lesões cutâneas.

Figura 3. Principais sinais e sintomas dos casos confirmados de monkeypox no mundo, 2022  



FONTE: https://worldhealthorg.shinyapps.io/mpx_global/#section-fns2

Deve-se suspeitar de Monkeypox no indivíduo de qualquer idade que apresente início súbito de lesão em mucosas E/OU erupção cutânea aguda sugestiva de monkeypox, única ou múltipla, em qualquer parte do corpo (incluindo região genital/perianal, oral) E/OU proctite (por exemplo, dor anorretal, sangramento), E/OU edema peniano, podendo estar associada a outros sinais e sintomas.

A suspeita é reforçada se houver RISCO DE CONTÁGIO por:

 - Exposição próxima e prolongada, sem proteção respiratória, OU contato físico direto, incluindo contato sexual nos últimos 21 dias com:

a) Parcerias múltiplas e/ou desconhecidas
b) Caso provável ou confirmado de monkeypox

 - Exposição a roupas de cama e banho ou utensílios de uso comum, pertencentes a caso provável ou confirmado de monkeypox

No caso de trabalhadores da saúde, caso haja história de contato com caso provável ou confirmado de monkeypox SEM uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPI) nos 21 dias anteriores ao início dos sinais e sintomas.

Em São Carlos, a avaliação clínica inicial deve ser realizada nas Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Saúde da Família e Unidades de Pronto Atendimento, que encaminharão, caso seja indicado, ao Centro de Atendimento às Infecções Crônicas de São Carlos ou ao atendimento hospitalar.

Fontes:
Secretaria Municipal da Saúde de São Carlos
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34662033/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8365177/