É descoberto novo parasita capaz de causar doença parecida com leishmaniose
Fonte: Centers for Disease Control and Prevention e portal G1
Um parasita até agora desconhecido é apontado como o responsável por
ter causado duas mortes e deixado 150 pessoas com infecções graves em Aracujú,
no Segipe. A espécie do parasita provoca doença com sintomas comuns da
leishmaniose, porém é resistente ao tratamento. Uma das pesquisadoras da equipe que descobriu o parasita é Sandra Maruyama, do Departamento de Genética e Evolução da Universidade Federal de São Carlos.
O primeiro caso da doença foi identificado em 2011, em um paciente
masculino de 64 anos que apresentava sintomas semelhantes a leishmaniose
visceral. Os sinais e sintomas consistiam em perda de peso, febre, anemia,
baixa contagem de glóbulos brancos e plaquetas e graves aumentos do fígado e
baço. O diagnóstico de leishmaniose visceral foi confirmado pelo aspirado da medula
óssea, cultura e sorologia. Porém, apesar da instituição de 3 esquemas terapêuticos, o paciente não obteve melhora e evoluiu com manifestações atípicas, envolvendo
lesões de pele difusas, semelhantes à leishmaniose tegumentar. Por fim, foi submetido
à esplenectomia (cirurgia para retirada do baço), mas infelizmente veio a óbito.
O caso em questão motivou os pesquisadores do Centro de Pesquisa em
Doenças Inflamatórias (CRID), em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo a
realizarem o sequenciamento do genoma dessa espécie. Por meio de isolados da
medula óssea e das lesões cutâneas do paciente foram identificadas duas cepas
de parasitas LVH60 e LVH60a, respectivamente. Através da técnica de PCR, o DNA
desses parasitas foi sequenciado, analisado e comparado com o da cepa L.
infantum (HU-UFS14) causadora da leishmaniose visceral.
Supreendentemente, os resultados dos estudos revelaram que as cepas
não pertencem ao gênero Leishmania, mas apresentam maiores semelhanças com o genoma da Crithidia fasciculata, outro
protozoário. A partir disso, foram
realizadas infecções experimentais em camundongos e confirmado que os parasitas
são realmente os responsáveis pelos sintomas apresentados pelo paciente.
Os pesquisadores concluíram tratar-se de um novo parasita capaz de
infectar mamíferos e causar doença em humanos e camundongos. Como existem
poucos fármacos para tratar a leishmaniose, a identificação de uma nova cepa
refratária ao tratamento é grave e pode aumentar o problema de controle da
doença. Em vista disso, são necessários maiores estudos para desenvolvimento de
novos medicamentos para tratar essa cepa.
Para maiores informações acesse o link do artigo: https://wwwnc.cdc.gov/eid/article/25/11/18-1548_article