SURTOS DE CAXUMBA:
ATUALIZAÇÃO PARA PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO
A caxumba ou parotidite epidêmica é uma doença infecciosa aguda, causada pelo
RNA vírus da família Paramyxoviridae, cuja principal característica é o aumento das glândulas
salivares (parotidite), geralmente bilateral. A hipertrofia das parótidas pode ter outras etiologias
que não levam a parotidite de forma epidêmica (1).
O homem é o único hospedeiro natural conhecido do vírus, e 30 a 40% dos
indivíduos infectados apresentam infecção inaparente, o que contribui para a disseminação da
doença (2).
A caxumba é transmitida pelo contato direto do indivíduo suscetível com a pessoa
infectada por meio de gotículas de secreção da orofaringe (2). O período de incubação é de 16
a 18 dias, mas os casos podem ocorrer de 12 a 25 dias após a exposição (1,3).
A recomendação de isolamento social com afastamento das atividades habituais é
de 5 dias após o início do edema da parótida. No entanto, o vírus foi isolado na saliva 7 dias
antes e até 8 dias após o início da inflamação (1,3).
A doença pode cursar com pleocitose do líquido cefalorraquidiano, presente em
mais de 50% dos acometidos, porém menos de 10% dos casos podem evoluir com sintomas
de meningite viral (1). Uma complicação comumente reportada na puberdade é a orquite, que é
a inflamação aguda ou crônica do testículo, e quando não tratada adequadamente pode levar a
impotência ou esterilidade (4).
A suscetibilidade à caxumba é geral. A doença é cosmopolita, tem comportamento
endêmico nos grandes centros, com tendência a manifestar-se sob a forma de surtos
epidêmicos em escolas e instituições com o agrupamento de adolescentes e adultos (2).
No Estado de São Paulo, a vacina contra o sarampo, a caxumba e a rubéola (SCR)
foi incluída no calendário básico aos 15 meses no ano de 1992, após campanha de vacinação
indiscriminada para crianças entre um e dez anos de idade. Em 2000, a SCR era administrada
aos 12 meses de idade, e no ano de 2004 foi incluída uma dose de reforço entre quatro e seis
anos de idade. Em 2013, a segunda dose passou a ser aplicada aos 15 meses utilizando-se a
vacina SCR-Varicela (Tetraviral) (5).
A caxumba não é de notificação compulsória em nível nacional. No entanto, os
surtos da doença devem ser notificados no SinanNet módulo registro de surto (4,6).
Nos últimos anos, muitos países, incluindo os Estados Unidos, o Reino Unido e a
Bélgica, têm se confrontado com surtos de caxumba entre escolares e com altas coberturas
vacinais. Estes surtos podem ocorrer por adaptação do vírus, coberturas heterogêneas e falhas
vacinais primárias ou secundárias, que são responsáveis pela manutenção da cadeia de
transmissão (7-12).
Consideram-se suscetíveis, os indivíduos:
a) com menos de duas doses de vacina para caxumba registradas em caderneta de
vacinação, administradas a partir de 12 meses, e com intervalo mínimo de 30 dias
entre elas;
b) que não possuam documentação de diagnóstico laboratorial;
c) que não possuam documentação laboratorial de imunidade (sorologia) (1).
Consideram-se comunicantes:
Todos os indivíduos que tiveram contato próximo com caso suspeito ou confirmado de
caxumba no período de transmissibilidade (7 dias antes até 8 dias após o início da parotidite)
(1).
A PROFILAXIA PÓS- EXPOSIÇÃO ESTÁ INDICADA:
1. Comunicantes com idade entre 6 e 11 meses de idade:
- Não deverão ser vacinados os comunicantes nesta faixa etária (1).
2. Comunicantes de 12 meses a 19 anos de idade:
- Todos os indivíduos com idade entre 12 meses e 19 anos, devem ter duas doses de SCR
(recebidas acima de um ano de idade e com intervalo mínimo de 30 dias) (5).
- Crianças sem nenhuma dose de SCR deverão ser vacinadas (considerar como 1ª dose), e
agendar a segunda dose com a SCR ou com a SCR – Varicela, de acordo com a idade, com
intervalo de 30 dias entre as doses.
Obs.: caso o indivíduo tenha recebido alguma dose da vacina SCR (tríplice viral) há menos de
30 dias, não haverá necessidade de receber a vacina durante o bloqueio.
3. Comunicantes acima de 20 anos de idade e os nascidos a partir de 1960:
- As pessoas sem nenhuma dose da vacina SCR deverão receber uma dose, e agendar uma
segunda dose com intervalo mínimo de 30 dias. E aquelas que já têm uma dose, deverão
receber uma segunda dose com intervalo mínimo de 30 dias.
É importante estabelecer um trabalho conjunto com as escolas e as universidades,
no sentido de agregar parcerias, para garantir que todos os suscetíveis sejam vacinados
rapidamente na ocorrência do(s) primeiro(s) caso(s) registrados, configurando-se esta a melhor
estratégia de controle de surto (2).
Apesar do controle rápido e efetivo do surto, alguns casos podem continuar a
ocorrer entre os vacinados já infectados, ao longo das três semanas subsequentes, sendo para
estes casos indicado o isolamento social (2-3).
FONTE: Equipe técnica da Divisão de
Doenças de Transmissão Respiratória/CVE/CCD/SES-SP e Divisão de
Imunização/ CVE/CCD/SES-SP, abril de 2016, São Paulo, Brasil.
http://www.saude.sp.gov.br/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica-prof.-alexandre-vranjac/
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